A Incontinência Urinária é uma condição que afeta milhões de pessoas, especialmente mulheres que passaram pelo período gestacional e o pós-parto. Trata-se da perda involuntária de urina, variando de leves escapes até casos mais severos. Esse quadro é frequentemente associado a alterações e enfraquecimento do assoalho pélvico, especialmente após o parto vaginal, quando há maior esforço muscular na região.

O assoalho pélvico é um conjunto de músculos e tecidos responsáveis por suportar órgãos como bexiga, útero e reto, garantindo o seu adequado funcionamento. Muitas mulheres só percebem a importância dessa musculatura quando sintomas como escapes de urina, sensação de peso na pelve ou desconforto nos exercícios físicos começam a surgir. Essas mudanças, muitas vezes silenciosas, impactam o cotidiano e a qualidade de vida.

O que causa a disfunção do assoalho pélvico após o parto?

Incontinência Urinária – Créditos: depositphotos.com / andriano_cz

Diversos fatores estão associados à disfunção do assoalho pélvico em mulheres que passaram pelo parto. Durante o processo gestacional e no parto normal, ocorre o estiramento dos músculos pélvicos, além de possível lesão nos nervos locais. É comum que, após o parto, haja um período de adaptação, já que os ligamentos e tecidos conjuntivos sofrem alterações importantes.

Entre os principais responsáveis por esse enfraquecimento estão:

  • Procedimentos durante o parto, como o uso de fórceps ou episiotomia;
  • Múltiplas gestações, que aumentam a pressão sobre a musculatura pélvica;
  • Alterações hormonais no pós-parto;
  • Obesidade e sedentarismo, que podem contribuir para a sobrecarga dos músculos da pelve.

Além dessas causas, fatores genéticos e o envelhecimento também colaboram para o aparecimento de sintomas.

Fisioterapia do assoalho pélvico: Como tratar incontinência?

A fisioterapia especializada tem papel essencial na recuperação da função do assoalho pélvico e no controle da Incontinência Urinária. O tratamento fisioterapêutico conta com métodos individualizados, que englobam avaliação detalhada, exercícios específicos e orientações para adequação de hábitos diários. O objetivo é fortalecer a musculatura enfraquecida, melhorar a percepção corporal e reduzir os sintomas de perda urinária.

Dentre as estratégias propostas pelo fisioterapeuta, destacam-se:

  • Técnicas de biofeedback para ajudar na identificação e fortalecimento dos músculos corretos;
  • Eletroestimulação pélvica, recomendada em casos específicos de grande fraqueza muscular;
  • Exercícios de Kegel, amplamente conhecidos por promoverem o fortalecimento dos músculos do assoalho pélvico.

Além dessas abordagens, a adaptação de posturas e treinamentos para atividades do dia a dia também são indicados, promovendo independência e segurança durante o movimento.

Quais são os exercícios de Kegel e como praticar corretamente?

Os exercícios de Kegel são indicados para fortalecer os músculos do assoalho pélvico e podem ser facilmente inseridos na rotina. Para realizá-los, recomenda-se identificar a musculatura correta, geralmente aquela utilizada para interromper o fluxo urinário. Uma vez identificados, os movimentos consistem em contrair e relaxar os músculos pélvicos por alguns segundos, repetindo essa ação em séries diárias.

  1. Com a bexiga vazia, sente-se ou deite-se confortavelmente;
  2. Contraia os músculos do assoalho pélvico, como se estivesse segurando a urina;
  3. Mantenha a contração por 3 a 5 segundos, sem prender a respiração ou contrair outros grupos musculares;
  4. Relaxe completamente os músculos por igual período;
  5. Repita de 10 a 15 vezes, realizando a série três vezes ao dia.

O acompanhamento de um fisioterapeuta é fundamental para garantir que a técnica esteja correta e para adaptar os exercícios conforme a necessidade de cada pessoa.

Existe prevenção para a Incontinência Urinária pós-parto?

Prevenir a Incontinência Urinária pode ser possível com cuidados no pré-natal e no período pós-parto. A orientação sobre o fortalecimento do assoalho pélvico antes, durante e depois da gestação auxilia a preparar os músculos para as mudanças corporais. Além disso, hábitos saudáveis, controle do peso e prática regular de atividades físicas adaptadas também colaboram para a prevenção dos sintomas.

Mesmo para quem já apresenta sinais de disfunção pélvica, buscar orientação especializada precocemente pode reduzir complicações e promover maior bem-estar. O tema é relevante não apenas para a saúde materna, mas para garantir autonomia, confiança e qualidade de vida durante todas as etapas da vida da mulher.

Este artigo foi revisado por: Dra Celia Sandrini

Dra Celia Sandrini

CREFITO 14.700F

Phd em Prevenção de Lesões

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