A dor na ATM, articulação que liga a mandíbula ao crânio, tem aparecido com frequência crescente em consultórios de fisioterapia e odontologia. Esse desconforto pode surgir de forma discreta, como um estalo ao abrir a boca, ou de maneira mais intensa, dificultando atividades simples do dia a dia. Em muitos casos, o problema passa despercebido por meses, até que o impacto na mastigação, na fala ou até no sono se torna evidente.
Esse tipo de dor na articulação temporomandibular costuma estar ligado a vários fatores combinados, e não apenas a um único motivo isolado. Há situações associadas ao estresse, ao apertamento dos dentes, a traumas, a alterações posturais e até a hábitos como mascar chiclete por tempo prolongado. Diante desse cenário multifatorial, a fisioterapia aparece como um recurso importante para aliviar sintomas e restaurar a função da mandíbula.
O que é dor na ATM e por que ela acontece?
A dor na ATM, também chamada de disfunção temporomandibular, envolve alterações nos músculos da face, na articulação da mandíbula e nas estruturas ao redor. A pessoa pode perceber estalos, travamentos ao abrir a boca, cansaço ao mastigar, dor de cabeça frequente e até sensação de pressão nos ouvidos. Em alguns casos, a amplitude de abertura bucal diminui, tornando difícil morder alimentos maiores.

Entre as causas mais comuns, destacam-se o bruxismo (hábito de apertar ou ranger os dentes, principalmente à noite), impactos na região do queixo, má oclusão dentária, cirurgias anteriores e posturas mantidas por muito tempo, como trabalho prolongado ao computador com a cabeça projetada para frente. O componente emocional também tem peso, já que a tensão muscular gerada pelo estresse pode aumentar a sobrecarga nessa articulação delicada.
Dor na ATM: quando a fisioterapia é a solução?
A fisioterapia tende a ser indicada quando a dor na ATM passa de episódios isolados para um quadro recorrente ou persistente, afetando atividades básicas. Em geral, o encaminhamento pode vir do dentista, do médico ou até de um fonoaudiólogo, que identificam sinais de sobrecarga articular e muscular na região da face e do pescoço. A proposta é reduzir a dor, melhorar o movimento da mandíbula e prevenir novas crises.
O fisioterapeuta avalia a abertura da boca, a presença de desvio ao falar ou mastigar, a sensibilidade dos músculos da mastigação e a postura global da coluna cervical e dos ombros. A partir disso, monta um plano de tratamento individualizado, que costuma combinar técnicas manuais, exercícios específicos e orientações de autocuidado. Em muitos casos, a fisioterapia é associada ao uso de placa miorrelaxante, prescrita pelo dentista, o que potencializa os resultados.
Quais técnicas a fisioterapia utiliza para tratar a dor na ATM?
No tratamento da dor na articulação temporomandibular, a fisioterapia usa recursos voltados tanto para o alívio imediato quanto para a recuperação funcional. As técnicas manuais sobre os músculos da face, pescoço e ombros ajudam a diminuir pontos de tensão e melhorar a circulação local. Em alguns casos, o profissional realiza mobilizações suaves diretamente na ATM para aumentar a lubrificação da articulação e organizar o movimento.
- Alongamentos musculares: voltados para a musculatura da mastigação, pescoço e cintura escapular.
- Exercícios de controle motor: focados na abertura e fechamento da boca sem desvio ou estalo.
- Técnicas de relaxamento: respiração guiada e orientações para reduzir a contração involuntária dos músculos da face.
- Recursos analgésicos: como calor superficial e, quando disponível, estímulos elétricos específicos para modulação da dor.
Além das técnicas em consultório, a fisioterapia para dor na ATM costuma incluir um programa de exercícios domiciliares simples, que podem ser feitos em poucos minutos ao dia. A regularidade dessas práticas contribui para manter os ganhos de mobilidade e reduzir a sobrecarga diária na articulação, favorecendo a estabilização do quadro a médio e longo prazo.
Como saber se a dor na ATM precisa de fisioterapia?
Alguns sinais ajudam a identificar quando a dor na ATM merece atenção especializada e pode se beneficiar da intervenção fisioterapêutica. Em geral, recomenda-se buscar avaliação quando o desconforto persiste por várias semanas, piora ao mastigar ou falar, ou vem acompanhado de limitações claras de movimento. Situações em que a mandíbula “trava” aberta ou fechada também exigem investigação.
- Dor na região da frente da orelha, que piora ao mastigar ou bocejar.
- Estalos, cliques ou sensação de areia na articulação ao abrir e fechar a boca.
- Dificuldade para abrir a boca amplamente, como ao morder um sanduíche.
- Dores de cabeça frequentes associadas a tensão na face e no pescoço.
- Histórico de bruxismo, apertamento dental ou fraturas na região mandibular.
Quando esses sinais aparecem, a avaliação conjunta entre fisioterapeuta e outros profissionais da saúde permite definir se a dor na ATM está ligada a fatores mecânicos, emocionais, oclusais ou a uma combinação deles. A partir desse entendimento, o tratamento ganha foco e tende a se tornar mais eficiente, com metas claras de redução da dor, recuperação da mobilidade e melhora da qualidade funcional nas atividades diárias.
Cuidados diários que ajudam na dor na articulação da mandíbula
Além da atuação direta da fisioterapia, alguns ajustes na rotina podem colaborar para diminuir a sobrecarga na ATM. Entre esses cuidados, destaca-se evitar mascar chiclete por tempo prolongado, reduzir alimentos muito duros, não apoiar a cabeça na mão pressionando o queixo e procurar manter uma postura mais neutra ao usar computador ou celular. Esses hábitos simples reduzem esforços repetitivos sobre a articulação.
Também é comum que a equipe de saúde oriente estratégias para manejo do estresse, já que a tensão emocional costuma aumentar o apertamento dental, principalmente durante o sono. Combinar essas mudanças comportamentais com o tratamento fisioterapêutico e, quando necessário, acompanhamento odontológico e psicológico, favorece uma abordagem mais completa da dor na ATM. Dessa forma, cresce a chance de controle duradouro dos sintomas e de manutenção da função adequada da mandíbula ao longo do tempo.
Este artigo foi revisado por:
Dra Celia Sandrini
CREFITO 14.700F
Phd em Prevenção de Lesões




