A Escoliose leve costuma gerar muitas dúvidas em quem recebe o diagnóstico. Em geral, trata-se de um desvio discreto da coluna, identificado em exames de rotina ou em avaliações posturais. Mesmo com pouca curvatura, esse quadro pode levantar questões sobre dor, limitações no dia a dia e, principalmente, sobre a necessidade de iniciar fisioterapia ou outros cuidados específicos.

Nos últimos anos, o acompanhamento precoce da saúde da coluna ganhou mais espaço entre profissionais da área. A escoliose leve não é considerada uma emergência, mas exige atenção para que não haja progressão do desvio. A partir daí surgem crenças, alguns medos e muita informação desencontrada, o que torna importante separar mitos e fatos sobre o tratamento, o papel da fisioterapia e os cuidados diários com a coluna.

O que é Escoliose leve e por que a palavra-chave é acompanhamento?

Escoliose leve é geralmente definida como uma curvatura da coluna em “C” ou “S” com ângulo pequeno, normalmente medido pelo chamado ângulo de Cobb em exames de imagem. Na prática, significa que a deformidade é discreta, muitas vezes quase imperceptível à visão leiga, e pode não causar sintomas intensos. Mesmo assim, a coluna já apresenta um desalinhamento que merece monitoramento periódico.

Esse tipo de desvio pode ter diferentes causas, como fatores genéticos, alterações musculares, crescimento acelerado na adolescência ou hábitos posturais inadequados. Na fase de crescimento, o risco de a escoliose leve aumentar é maior, motivo pelo qual médicos costumam recomendar revisões em intervalos definidos. Em adultos, a atenção se volta mais para o controle de dor, manutenção de mobilidade e prevenção de sobrecarga em articulações e músculos.

Escoliose leve precisa de fisioterapia?

A indicação de fisioterapia para escoliose leve depende de alguns fatores: idade, grau da curvatura, sintomas presentes e risco de progressão. Em crianças e adolescentes em fase de crescimento, muitos profissionais defendem a fisioterapia como aliada importante, mesmo quando a curvatura é pequena, porque o fortalecimento e o alongamento direcionados podem ajudar a equilibrar a musculatura ao redor da coluna.

Em adultos, a fisioterapia costuma ser recomendada quando há dor, desconforto muscular, fadiga nas costas após atividades simples ou alteração visível de postura. Nesses casos, o tratamento fisioterapêutico pode incluir exercícios de estabilidade, correção postural e educação em relação à rotina diária. A intenção não é “endireitar” a coluna completamente, mas reduzir sobrecargas, melhorar a função e evitar piora do desvio.

De forma geral, o encaminhamento para fisioterapia é avaliado individualmente por ortopedistas, fisiatras ou outros profissionais habilitados. A presença de escoliose leve isolada, sem sintomas e estável ao longo do tempo, pode ser apenas observada, enquanto quadros com sinais de evolução ou queixas de dor tendem a receber orientação fisioterapêutica mais ativa.

Mitos e verdades sobre a coluna com escoliose leve

Circulam muitas afirmações sobre o que a escoliose causa ou não causa, e nem todas correspondem à realidade. Entender esses pontos ajuda a reduzir temores desnecessários e a adotar cuidados mais coerentes com cada caso.

  • Mito: Toda escoliose leve vira um problema grave no futuro.
  • Fato: Muitas curvas leves permanecem estáveis ao longo da vida, principalmente após o fim do crescimento ósseo, desde que haja acompanhamento e atenção aos sinais de mudança.
  • Mito: Quem tem escoliose não pode praticar esportes.
  • Fato: A prática de atividade física, quando orientada, é frequentemente incentivada para fortalecimento muscular global e melhora da mobilidade.
  • Mito: A fisioterapia “desentorta” completamente a coluna.
  • Fato: A fisioterapia atua principalmente na dor, função e alinhamento postural possível, reduzindo impactos da curva, mas nem sempre elimina o desvio.
  • Mito: Mochila pesada é sempre a causa da escoliose.
  • Fato: Mochilas e cargas podem gerar dor e sobrecarga, mas a maioria dos casos de escoliose leve tem origem multifatorial, muitas vezes relacionada a predisposição genética.

Quais são os benefícios da fisioterapia na escoliose leve?

Quando indicada, a fisioterapia para escoliose leve trabalha com exercícios específicos para a postura, respiração, fortalecimento do tronco e alongamento das cadeias musculares encurtadas. Em determinados métodos, há foco em exercícios assimétricos, buscando compensar diferenças entre os lados do corpo. Em outros, prioriza-se a estabilização global, sempre respeitando as características individuais.

De modo geral, os objetivos mais frequentes da fisioterapia em casos de escoliose leve incluem:

  1. Melhorar o alinhamento postural no dia a dia, reduzindo desequilíbrios evidentes.
  2. Aumentar força e resistência da musculatura que sustenta a coluna.
  3. Diminuir dores, tensões e cansaço nas costas após atividades rotineiras.
  4. Orientar sobre cuidados na escola, no trabalho e em casa, como altura de cadeira, forma de sentar e maneira de carregar peso.
  5. Monitorar sinais de progressão da curva e encaminhar para avaliação médica quando necessário.

Em muitos planos de tratamento, o fisioterapeuta também ensina exercícios para serem feitos em casa, favorecendo a continuidade dos cuidados. Esses programas domiciliares, quando realizados de maneira constante e adequada, podem contribuir para a estabilidade da coluna e para o bem-estar funcional a longo prazo.

Escoliose – Créditos: depositphotos.com / Artemida-psy

Cuidados diários com a coluna: o que pode ajudar na escoliose leve?

Além da fisioterapia, alguns hábitos simples costumam ser valorizados na rotina de quem convive com desvios leves da coluna. Entre as medidas mais citadas por profissionais da área estão:

  • Manter pausas durante atividades prolongadas em posição sentada, alternando com pequenos períodos em pé e de caminhada.
  • Ajustar altura de cadeira, mesa e computador para evitar flexão excessiva do pescoço e arredondamento das costas.
  • Distribuir o peso de bolsas e mochilas, preferindo modelos com duas alças ajustadas.
  • Praticar alguma atividade física regular, como caminhada, natação, pilates ou exercícios de fortalecimento, com liberação profissional.
  • Observar sinais de dor persistente, formigamentos ou mudanças visíveis na postura e buscar avaliação especializada.

A escoliose leve, em muitos casos, permite rotina plena de estudos, trabalho e lazer, desde que acompanhada de perto e com orientação adequada. Informação de qualidade, avaliação médica periódica e, quando indicado, fisioterapia direcionada compõem um conjunto de estratégias que favorecem a saúde da coluna e o equilíbrio do corpo ao longo dos anos.

Este artigo foi revisado por: Dra Celia Sandrini

Dra Celia Sandrini

CREFITO 14.700F

Phd em Prevenção de Lesões

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