A elevação do braço é um movimento fundamental nas atividades do dia a dia, como alcançar objetos em prateleiras ou vestir roupas. Quando há limitação de mobilidade no Ombro, normalmente esse processo está relacionado a alterações na cápsula articular, afetando diretamente a amplitude de movimento. Existem causas variadas para esse comprometimento, sendo importante compreender os mecanismos envolvidos e as possibilidades de reabilitação.
Ao longo dos anos, estudos destacaram a relevância da cápsula articular do Ombro em casos de restrição de movimento. A rigidez capsular pode ser consequência de processos inflamatórios, lesões ou até imobilização prolongada, contribuindo para quadros dolorosos e diminuição funcional. Tratar e abordar adequadamente essas alterações é decisivo para a recuperação da função do membro superior.
O que são alterações capsulares e por que limitam a elevação do Ombro?

A principal característica das alterações capsulares está na redução da flexibilidade e elasticidade da cápsula articular que envolve o Ombro. Essa estrutura, composta por um tecido conjuntivo resistente, tem a função de promover estabilidade à articulação glenoumeral. Quando sofre espessamento, encurtamento ou aderências, sua capacidade de permitir movimentos amplos fica comprometida, especialmente durante esforços para elevar o braço acima da linha do Ombro.
Entre as principais condições que levam a alterações capsulares está a capsulite adesiva, também conhecida como Ombro congelado. Esse quadro se manifesta geralmente por dor e rigidez progressivas, afetando a elevação, rotação e abdução do braço. Também pode surgir após cirurgias ortopédicas, traumas diretos ou devido a doenças sistêmicas como diabetes – fatores que elevam o risco de desenvolvimento do problema.
Como é a avaliação da limitação de mobilidade do Ombro?
O processo de avaliação clínica é fundamental para identificar o grau de limitação do Ombro e a provável origem do problema. A análise é composta pela observação da amplitude de movimento, testes de força muscular e exames complementares como ultrassonografia ou ressonância magnética. Profissionais de fisioterapia e ortopedia costumam utilizar escalas de avaliação para mensurar a perda funcional e determinar o melhor protocolo de tratamento.
Além disso, a diferenciação entre limitação por fatores musculares e por alterações capsulares vai direcionar o profissional quanto à abordagem mais adequada. Em geral, a rigidez capsular apresenta maior resistência nos movimentos passivos e sensação de bloqueio mecânico, enquanto quadros musculares tendem a gerar dor sem limitação estrutural.
Protocolo de mobilização: quais são os principais passos?
O protocolo de mobilização do Ombro com restrição capsular visa restabelecer gradualmente a mobilidade articular, respeitando os limites impostos pela dor. Cada etapa é planejada de acordo com o grau de rigidez observado e pode ser adaptada conforme a resposta do paciente à terapia. Os principais objetivos são recuperar a amplitude de movimento, minimizar o desconforto e reintegrar o paciente às atividades cotidianas.
- Aquecimento inicial: Aplicação de calor local ou exercícios leves para preparar a musculatura e cápsula para o alongamento.
- Mobilizações passivas: Exercícios em que o terapeuta conduz os movimentos do braço do paciente, sem força ativa, focando em graus crescentes de abdução, flexão e rotação externa.
- Alongamentos específicos: Técnicas direcionadas para distender gradativamente a cápsula articular, utilizando manipulações suaves e progressivas.
- Mobilização ativa: Depois que houver melhora, o paciente é estimulado a realizar movimentos ativos, fortalecendo a musculatura e ampliando a função.
- Reforço muscular: Exercícios voltados ao fortalecimento dos músculos do manguito rotador e estabilizadores escapulares, essenciais para a sustentação do movimento recuperado.
Ao longo do tratamento, é comum que o protocolo inclua reavaliações frequentes, para ajustar intensidade e volume dos exercícios, preservando a segurança. Em casos mais graves, pode ser necessário associar técnicas manuais avançadas ou, eventualmente, intervenção cirúrgica para liberar aderências resistentes.
Quais cuidados são recomendados durante a reabilitação?
Durante a mobilização da cápsula do Ombro, alguns cuidados são importantes para evitar agravar a lesão. Deve-se respeitar os sinais de limitação dolorosa e não ultrapassar o ponto de desconforto intenso, já que o excesso de estímulo pode provocar inflamação ou lesão adicional. A frequência das sessões e o acompanhamento profissional impactam diretamente na evolução, promovendo segurança no processo de recuperação.
- Evitar movimentos bruscos ou forçados.
- Seguir as orientações do fisioterapeuta quanto ao ritmo dos exercícios.
- Aplicar gelo ou calor conforme orientação para auxilio no controle da dor.
- Manter as atividades diárias dentro dos limites, priorizando o descanso necessário para os tecidos.
O processo de reabilitação do Ombro com limitações capsulares pode variar de semanas a meses, dependendo da gravidade e da resposta ao protocolo de mobilização. O comprometimento ativo nas sessões e a adesão às recomendações aumentam as chances de restabelecimento funcional completo, permitindo o retorno seguro às atividades rotineiras.
Este artigo foi revisado por:
Dra Celia Sandrini
CREFITO 14.700F
Phd em Prevenção de Lesões
