A ocorrência de lesão de LCA no futebol feminino é um tema que, nos últimos anos, tem chamado a atenção por conta de sua alta incidência entre atletas desta modalidade. O Ligamento Cruzado Anterior, ou LCA, é fundamental para a estabilidade do joelho, especialmente durante movimentos de mudança de direção e saltos, comuns no futebol. Quando ocorre a ruptura do LCA, a recuperação demanda uma abordagem multidisciplinar, com a fisioterapia ocupando papel central durante todo o processo de reabilitação até o retorno aos gramados.
Estudos recentes mostram que jogadoras de futebol têm maior propensão a sofrer esse tipo de lesão em comparação aos homens, devido a fatores anatômicos, hormonais e mecânicos. Isso faz com que clubes e profissionais de saúde estejam cada vez mais atentos ao planejamento de estratégias eficazes de prevenção, diagnóstico rápido e métodos de tratamento adequados para favorecer a reintegração segura das atletas às atividades competitivas.

Quais são as principais causas da lesão de LCA no futebol feminino?
A lesão do Ligamento Cruzado Anterior geralmente ocorre em movimentos não relacionados ao contato físico direto, como mudanças bruscas de direção, aterrissagens inadequadas após saltos e desacelerações repentinas. Entre as jogadoras, questões anatômicas, como maior largura da pelve e alinhamento do fêmur e da tíbia, influenciam na distribuição das forças durante os movimentos, elevando o risco de lesão. Além disso, fatores hormonais ligados ao ciclo menstrual também podem impactar a estabilidade articular e a força muscular.
Outro ponto de destaque é o padrão de treinamento e o uso de equipamentos adequados. Falhas em protocolos de prevenção, superfícies irregulares e chuteiras inadequadas são exemplos de elementos que aumentam o risco de ruptura do LCA. Por isso, muitas equipes incorporam na rotina de treinos exercícios específicos para fortalecimento muscular, propriocepção e técnicas corretas de aterrissagem, sempre orientados por profissionais da fisioterapia esportiva.
Como a fisioterapia atua na reabilitação da lesão de LCA?
Após a confirmação da lesão, que pode ser diagnosticada por meio de exame clínico e imagem, a fisioterapia tem como primeira meta controlar a dor e o edema, além de recuperar a amplitude de movimento do joelho. O protocolo de reabilitação é progressivo e individualizado, levando em conta características como o histórico da atleta, tipo de lesão e possíveis procedimentos cirúrgicos realizados.
O plano fisioterapêutico abrange técnicas diversificadas, como:
- Exercícios de fortalecimento muscular dos membros inferiores, com ênfase em quadríceps, posteriores de coxa e glúteos;
- Treinamento proprioceptivo e de equilíbrio, essenciais para prevenir recidivas;
- Atividades para restaurar a coordenação motora e os padrões funcionais do futebol, como dribles e mudanças de direção;
- Terapias manuais para melhorar a mobilidade articular e reduzir aderências cicatriciais;
- Progressão controlada do retorno ao treino com bola, respeitando cada estágio da recuperação.
Quais são as etapas do retorno ao esporte após lesão de LCA?
O processo de volta ao calendário esportivo é criterioso e depende de avaliações periódicas da força muscular, do controle neuromuscular e da confiança psicológica da jogadora. Essa fase é chamada de transição esportiva, momento em que a fisioterapia e a preparação física trabalham em conjunto para simular exigências específicas do futebol.
- Recuperação da força e mobilidade: Consolidação do ganho funcional e ausência de dor;
- Adaptação progressiva: Inclusão de exercícios que imitam situações reais de jogo, com aumento gradual da carga;
- Avaliação funcional: Testes objetivos de potência muscular, saltos, sprints curtos e mudança de direção;
- Liberação para treinos coletivos: Participação parcial e depois completa dos treinos com o grupo;
- Retorno controlado aos jogos: Liberada apenas após a confirmação de aptidão clínica e funcional.
Por que a prevenção é tão importante no contexto do futebol feminino?
A prevenção de lesão de LCA é fundamental para garantir a longevidade e o rendimento das atletas. Ela inclui desde acompanhamento fisioterapêutico regular, passando pela educação sobre fatores de risco, até a elaboração de programas específicos de treinamento funcional. Investir em prevenção também reduz custos com afastamentos, intervenções cirúrgicas e evita impactos negativos no desempenho das equipes em competições.
A atuação da fisioterapia, aliada a uma abordagem multidisciplinar e à participação ativa da comissão técnica, representa atualmente uma das formas mais eficazes de lidar com as lesões ligamentares no futebol feminino. O conhecimento contínuo sobre as particularidades desse público e a aplicação de práticas individualizadas potencializam a recuperação e contribuem para o fortalecimento físico e mental das jogadoras frente aos desafios do esporte.
Este artigo foi revisado por:
Dra Celia Sandrini
CREFITO 14.700F
Phd em Prevenção de Lesões




